Durante a Sessão Plenária nº 1713, lideranças femininas do Confea assumiram o protagonismo do debate e cobraram do Sistema Confea/Crea uma atuação mais efetiva diante dos casos de violência contra a mulher. As conselheiras federais Ana Adalgisa, Carmem Petraglia e Giucélia Figueiredo, juntamente com a coordenadora da Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Geologia e Engenharia de Minas (CCEGEM), Sheila Klener defenderam a aplicação rigorosa do Código de Ética Profissional em episódios de violência doméstica cometidos por profissionais registrados.
O posicionamento das conselheiras é respaldado por dados alarmantes do Mapa da Violência 2025, divulgado no início do mês pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O relatório aponta que, em 2024, o Brasil registrou 1.459 feminicídios — uma média de quatro mulheres assassinadas por dia, estabelecendo um recorde histórico.
Diante desses dados e da gravidade dos casos envolvendo profissionais do Sistema, as conselheiras federais defenderam a adoção de medidas firmes por parte da instituição. Giucélia Figueiredo reforçou o apelo, destacando que junho, mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher na Engenharia, é também momento de reafirmar o compromisso ético e social do Confea. “Este sistema profissional não pode pactuar com nenhum tipo de violência contra a mulher - seja física, intelectual, econômica ou simbólica, como a diferença salarial ou a tentativa diária de nos tornar invisíveis. O mundo real da mulher é muito perverso”, afirmou.
A coordenadora Sheila Klener citou casos recentes, como o do engenheiro agrônomo que assassinou a esposa e atentou contra a vida da filha em Mato Grosso, e questionou: “Não gostaria que a minha empresa fosse atendida por um profissional que cometeu um crime dessa envergadura. Temos de fechar os cercos por todos os lados. Creio que o Confea deva prever em seu estatuto, no regimento e no Código de Ética, sanções que resultem na expulsão nesses casos”.
Em sua fala, a conselheira Carmem Petraglia ressaltou que o novo Código de Ética, recentemente aprovado, já oferece instrumentos para atuação em casos como esse. “O código se refere às condutas na sociedade, não apenas no exercício profissional. Podemos enquadrar esses casos como crime infamante e, assim, os Conselhos Regionais têm base legal para abrir processo ético e promover a cassação do registro”, explicou.
Por fim, a conselheira Ana Adalgisa, que também coordena o Programa Mulher, abordou outras desigualdades enfrentadas pelas mulheres, como a diferença salarial e o chamado "pink tax", prática que impõe preços mais altos a produtos voltados ao público feminino. “Se temos a ‘taxa rosa’, que haja também o ‘salário rosa’. Para que possamos pagar mais, mas também ganhar mais”, concluiu.
Mapa da Violência
Os dados do Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgados no útimo dia 11 pelo Ministério da Justiça, mostram que a violência contra a mulherem ano passado atingiu números alarmantes no Brasil. Foram registrados 2.422 homicídios de mulheres e 1.459 casos de feminicídio - o equivalente a quatro mulheres assassinadas por dia. Além disso, o país contabilizou 71.834 casos de estupro contra mulheres, o que representa uma média de 196 ocorrências por dia. Confira o Mapa da Segurança Pública de 2025.
Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea