Demolição: siga as dicas do Crea-RN e evite problemas

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Demolição: siga as dicas do Crea-RN e evite problemas

Por CREA-RN em 16/09/2020 às 04:15

Demolir parece mais simples do que construir. Entretanto, uma demolição mal planejada ou executada com erro de cálculo estrutural pode acarretar sérios danos e até causar a morte de vizinhos ou trabalhadores envolvidos na operação. Além desses fatores é necessário pensar em que local serão colocados os resíduos de resto da construção e no profissional responsável pela elaboração do projeto de demolição da obra.

O coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-RN, engenheiro civil e eng. de segurança do trabalho Lucildo Câmara, explicou que ao detectar que uma obra necessita ser demolida, o proprietário deve tomar algumas providências. “O primeiro a se fazer é contratar um engenheiro para fazer os cálculos e verificar como deverá ser o processo de demolição”, disse.

Lucildo acrescentou que, caso a obra tenha um projeto, ele deve ser analisado, mas caso não exista, um profissional deve fazer uma vistoria para verificar toda a estrutura a ser demolida. “Esse profissional ou empresa vai elaborar o relatório com todos os projetos estruturais, elétricos e hidráulicos para que a equipe técnica entenda como deve ser feita a demolição corretamente”, destacou.

O coordenador ressaltou ainda que o responsável técnico pela obra tem que tirar a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Crea-RN e, de posse desse documento, vai à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semurb) para solicitar o alvará de demolição. No alvará, o profissional/empresa deve informar a empresa contratada para retirar o resíduo, e essa empresa, por sua vez, vai informar para qual o local será destinado o resíduo da construção demolida.

Nas obras de grande porte dois quesitos importantes devem ser observados, segundo o engenheiro ambiental Gilbrando Medeiros Trajano, conselheiro do Crea-RN: o porte da estrutura e o que vai ser gerado de resíduos. “Com essas duas informações podemos iniciar a execução do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção, sempre solicitado pelos órgãos ambientais.

O engenheiro ambiental disse que constantemente as pessoas pensam que os resíduos da construção são “inerte como que não gerem subprodutos”.

Contudo, Gilbrando alerta que é preciso que os proprietários e os profissionais que vão gerenciar as obras se atentem para alguns pontos como resíduos de gesso porque é contaminante, inclusive deve ser separado dos demais para que tenha a destinação correta. “O gesso pode ser reaproveitado e tem vasta utilização desde que seja separado de forma adequada”, explicou.

Os principais produtos oriundos da construção civil são: ferragens, gesso, metralha, massa, rejunte, revestimento, paredes e madeira. A grande maioria desses resíduos pode ser reciclada desde que seja devidamente separada, por meio do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção. “É importante lembrar que a metralha deve ser recolhida e não ficar na calçada, pois é considerada infração. Em Natal, por exemplo, o órgão responsável pelo acompanhamento dos pontos de descarte irregular é a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semurb).

Critérios da Reutilização (Base e Sub-base)

De acordo com Gilbrando, algumas empresas do RN vêm desenvolvendo materiais nesse sentido como britas e blocos de contenção com resíduos de construção civil. Outras encaminham o resto do material não perigoso da construção civil para áreas de mineração, promovendo o nivelamento desses locais.

Porém, o engenheiro ambiental acredita que a reutilização de materiais no RN ainda é muito baixa, especialmente na questão da pavimentação. “É uma conta que não fecha, pois temos matéria-prima, os produtos ficam mais baratos, mas a quantidade de material reutilizado ainda é pouca”, disse.

Desabamentos

No último dia 23 de agosto, imagens do momento exato em que a estrutura de uma caixa d’água gigante se partiu e rolou em um conjunto residencial na cidade de Diadema, região metropolitana de São Paulo, chamaram atenção para a questão da demolição de obras de forma adequada. A queda da caixa d’água não deixou feridos.

Em 15 de outubro de 2019, o Edifício Andrea desabou em Fortaleza (CE). Imagens das câmeras de segurança do local mostraram que, no mesmo dia do desabamento, operários fizeram intervenção nas colunas do prédio e destruíram o reboco das colunas do edifício. Não é possível apontar se a retirada do reboco ocasionou o desabamento. Nove pessoas morreram soterradas.*Imagem da caixa d’água que desabou em Diadema (SP)